Roteiro de Estudos – EE Célia Keiko
- Dias 04/05 a 08/05
- Disciplina: Arte
- Professor: Vanessa BRacci
- Ano/série/Turma: 8º A
- Período: Manhã
- Atividades:
O IMATERIAL NA MÚSICA
CODEX Borbonicus (detalhe). 1562-1563. Manuscrito asteca. Biblioteca do Palácio de Bourbon, Paris, França.

Entre os elementos materiais, podemos citar os instrumentos musicais, incluindo o corpo humano e diversos outros objetos que podem ser usados para fazer música, como você descobriu no livro do 6o ano. Também podemos considerar os elementos físicos das paisagens e dos espaços onde se faz música, que podem interferir na experiência musical.
Os elementos imateriais da linguagem musical (como timbre, ritmo, melodia, harmonia, entre outros) podem ser associados a outros elementos imateriais (como tempo, emoções, significados, formas, símbolos, divindades etc.), dependendo das experiências pessoais ou das tradições e culturas às quais estão vinculados. Há diversas formas de registrar os aspectos imateriais que fazem parte da vida e da música, seja pela memória, pelas palavras de diferentes línguas ou por meio de desenhos e pinturas, como na imagem apresentada anteriormente, que reproduz parte de um antigo manuscrito do povo Asteca.
Reflita sobre as seguintes questões.
- Que sons ou músicas você relaciona com espiritualidade, ancestralidade ou outros elementos imateriais?
- Juntos, pensem: vocês lembram ou conhecem músicas ou sons que tenham o mesmo sentido ou significado para pessoas de diferentes culturas ou regiões?
Aspectos imateriais em práticas musicais
Esse sino é de uma igreja católica em São João del-Rei (MG). Nessa cidade, além dos toques para marcar as horas do dia e o horário das missas, os sinos são parte de uma tradição muito antiga: diferentes toques são utilizados para indicar diversas situações da vida na comunidade, como festejos ou ritos fúnebres. Atentando-se aos nomes de alguns toques, é possível perceber a variedade de cerimônias religiosas ou de eventos do cotidiano aos quais se associam: Toque de Finados, Toque de Treva, Toque de Parto, Ângelus, A Senhora é Morta, Toque de Cinzas, Toque de Incêndio, Toque de Natal, Toque Chamada de Sineiros, Toque de Ano-Novo. Para executar toques tão diversos, são usados conjuntos de até sete sinos de diversos tamanhos com diferentes combinações rítmicas. Além disso, há maneiras distintas de se golpear os sinos: pancadas, badaladas e repiques são realizados com o sino parado; já o dobre é realizado com o sino em movimento. Para momentos festivos, os toques são mais animados, com andamento mais rápido; para momentos relacionados à morte, os toques são mais lentos, mais contemplativos.
As pessoas que guardam e transmitem os conhecimentos sobre esses toques e suas técnicas de execução são chamadas sineiros. Em São João del-Rei, somando profissionais e aprendizes, há mais de 50 deles. A imagem abaixo mostra dois sineiros atuando em uma igreja da cidade.
Além dos toques diários e dos tradicionais, existem as chamadas batalhas de sineiros, que ocorrem no quarto fim de semana da Quaresma. Nessa batalha, sineiros de diferentes igrejas, do alto das torres dos sinos, executam alternadamente alguns toques. O objetivo de cada sineiro é responder o mais rápido possível aos que tocaram antes e realizar o toque com ainda mais técnica.
Responda:
- Você já ouviu o toque de algum sino como o da imagem acima? E sinos de outros tipos?
- Escute um toque de sinos de São João del-Rei realizado na festa de Nossa Senhora da Boa Morte no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=ZWdLs1DFxaw
Depois de ouvir o som do sino, descreva as características desse som.
SONS COM FUNÇÕES SEMELHANTES EM ÉPOCAS E CULTURAS DIFERENTES
No sistema de toques de sinos de São João del-Rei, cuja prática é transmitida oralmente, podemos perceber relações com pelo menos duas culturas e tradições formadoras do Brasil desde a época colonial, a europeia e a africana. Alguns toques mantiveram sonoridades próximas das que eram realizadas em vilas e cidades do Brasil colonial (e também em outras colônias portuguesas), enquanto outros foram agregando também elementos afro-brasileiros.
Muito antes do início da colonização das Américas no século XVI, era comum na Europa haver sinos nas igrejas. Há registros da utilização de sinos em igrejas católicas que datam de mais de mil anos. Os mais antigos se referem à região de Campânia, no sul da Itália, de onde vêm também as palavras “campanologia” (a técnica de fabricação de sinos), e “campana”, usada muitas vezes como sinônimo de sino. Os sinos eram uma das principais formas de comunicação da igreja com a população. Sua função mais antiga talvez seja a de demarcar a passagem do tempo e indicar os momentos de ritos religiosos. Havia também, nesse período, toques específicos para diferentes situações do cotidiano, como na tradição que se mantém em São João del-Rei. Além disso, podemos dizer que o alcance do som estabelecia uma espécie de demarcação sonora da comunidade de cada igreja, isto é, da paróquia. Até hoje, os sinos convocam as pessoas para a congregação, para o rito religioso.
Influências de manifestações afro-brasileiras podem ser percebidas sobretudo nos repiques realizados em São João del- -Rei com conjuntos de três sinos. Ritmos organizados assim, com três instrumentos do mesmo tipo, porém de tamanho e altura diferentes, são perceptíveis também, por exemplo, nos três instrumentos principais (tambor grande, meião e crivador) do Tambor de Crioula do Maranhão, que podem ser observados na imagem ao lado; no conjunto tradicional de três atabaques do candomblé (rum, lê e rumpi) ou ainda nos três tipos de berimbau da capoeira (gunga, médio e viola). Em geral, um dos instrumentos tem a função de demarcar um padrão rítmico, que então serve de referência para os outros dois; um desses dois instrumentos geralmente tem um toque mais constante, enquanto o outro tem a função de executar diversas variações rítmicas. Nos toques de três sinos de São João del-Rei, é o sino menor que conduz o toque, enquanto os outros dois – que têm nome igual ao dos instrumentos do Tambor de Crioula, meião e grande – compõem entre si uma espécie de pergunta e resposta.
Manifestação Cultural maranhense conhecida como Tambor de Crioula, em São Luís (MA)
Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=oW5JRKPf-SQ para ampliar seus conhecimentos sobre a Manifestação Cultural Tambor de Crioulo.
Sino do templo Chion-In, em Quioto, Japão
Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=HE4JniVxLRk
Não é exclusiva das religiões cristãs a presença de sinos mediando a relação com o imaterial.
Os budistas, por exemplo, usam diferentes sinos em momentos de oração: um deles é um pequeno sino sem badalo cujo formato lembra uma tigela de metal, e que é tocado com um bastonete geralmente feito de madeira. Há também sinos bem grandes, como pode ser observado na imagem acima, para demarcar momentos especiais, como a passagem do ano-novo. Estes últimos geralmente trazem gravadas em sua superfície escrituras ou imagens associadas à doutrina budista.
Em alguns templos de religiões afro-brasileiras, há também um sino de mão, feito de metal com uma haste de madeira ou só de metal, chamado adjá, que pode ser visto na imagem ao lado. Ele pode ter de duas até sete sinetas e é usado pelo líder espiritual para mediar a conexão do fiel com divindades.

Atividade:
- Faça uma ilustração dos instrumentos apresentados nessas atividades:
- sinos (os dois tipos)
- tambor de crioula
- adjá
- Descreva o som de cada um dos instrumentos
- sinos (os dois tipos)
- tambor de crioula
- adjá
- Avaliação:
Acompanhamento da realização dessa atividade e a aprendizagem será a “entrega” registro escrito, quando retornar o ensino presencial ou em grupo de WhatsApp da classe e acesso à plataforma.
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